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Heart
quinta-feira, 23 de julho de 2009

Parte Dois - Lucilly

Por que? por que Leon? havia tantos homens na cidade, todos certamente preparados para uma batalha, verdadeiros soldados, mas Leon não era como eles, Leon era diferente, intocado, era seu. Lucilly chorava, suas lagrimas cristalinas encharcavam o delicado travesseiro bordado com seu nome. Tudo naquele quarto a lembrava dele, a vida agora em diante seria extremamente ridicula e sem sentido, não haveria ninguem para faze-la rir e Eleonora ajudaria as coisas a ficarem piores.
Lucilly se sentia tão quente, sua pele ardia em febre, decidiu levantar-se e ir até a janela. Admirou a neve que encobria a parte visivel da cidade, tudo estava tão escuro a nao ser pelo brilho prateado da lua sobre a neve, deixando aquele dia, aquela ultima noite, inesquecivel, terrivelmente memoravel. tudo deveria ser diferente ela pensava, Lucilly nunca revelara seus estranhos e preciosos sentimentos a seu irmão, considerava Eleonora a responsavel por ser necessario criar esses sentimentos dentro dela por pura sobrevivencia, Leon era como seu pai, seu melhor amigo e seu unico amante, apesar de nunca ter dito nada , ele era a pessoa mais importante de sua vida e diante daquela janela, com o parapeito coberto de neve, ela jurou para a Lua, solitaria no ceu negro, que se Leon morresse ela morreria também.

E embaixo da grande janela ela desfaleceu, Lucilly estava tão fraca que nem sentiu o frio que vinha do chão para a adoecer, sua pele estava dormente pela tristeza, seria melhor nunca acordar, havia odio circulando em suas veias, destruindo em silencio sua inocencia que Leon tanto tentou proteger. O sol começava a nascer, frio e reluzente, destruindo por fim os ultimos momentos de Leon naquela casa. Ele fez a passos longos o caminho em direção as grandes portas do quarto de Lucilly e para seu espanto encontrou ela caida no chão, embaixo da janela, palida, onde estava as rosas de sua pele? aquelas doces manchas roseadas que pintavam suas maçãs do rosto? Leon correu até seu corpo e o tomou no colo, seu coração disparou ao sentir a pele nunca antes fria de sua irmã, ele temia pelo pior, ao deita-la na cama colocou sua cabeça sobre o peito da jovem e sentiu fraco e doce o batimento do coração dela, Lucilly estava viva! Aflito ele a cobriu e lhe beijou a testa, segurou a mão que estava para fora da coberta e a admirou. Leon queria tanto que ela abrisse os olhos, seus minutos estavam contados, seus musculos estavam enrijecidos pela tensão e pela noite ruim de sono, ele mal dormira, tivera inumeros pesadelos e em todos eles estavam presentes ela, Lucilly, delicada como uma flor, pura como um anjo, tão bela e encantadora quanto Afrodite, a deusa do amor e da beleza. Esses pesadelos estavam o deixando cada vez mais psicotico, e cada vez mais desesperado por abandonar aquela casa. Ele não podia partir. Ela era o unico ser em que ele acreditava, que ele amava, que ele desejava, Leon a vira crescer, e se modificar, a ingenuidade continuava a mesma, mas algo nela mudara e aquilo o atraia, o enlouquecia, havia algo errado naquilo, ela era sua irmã, mas ele nunca a vira dessa maneira, Eleonora nunca permitiu, por culpa dela os dois necessitavam um do outro para sobreviver, para se apoiar, a falta do pai impedia ele de liberar Lucilly para o mundo, então ele a deixou ali, protegida por tanto tempo em seu quarto, naquela casa. Ele não sabia como a proteger, aquela parecia a unica solução. Eleonora estava sempre embriagada por aí com aquele homem horrendo que chamava de amante, o mundo era cruel, ele era novo demais, não sabia como criar uma menina, então entre os dois nasceu essa estranha relação para suprir a falta de tanto amor. Ele não a via como irmã, e acreditava que ela não o via dessa maneira também, ele nunca a tocara e nunca a tocaria... sabia que era errado, sabia.

Lucilly parecia despertar lentamente, seus olhos estavam escuros, nebulosos, incompreensiveis, será que ela batera a cabeça? Leon apreensivo se aproximou de seu rosto.
- Lucilly, minha querida, você está bem?
Lucilly encarou o rosto de Leon e desviou os olhos.
- Por que está aqui ainda? para me fazer sofrer mais do que já sofro? para eu lhe ver partir e você se aproveitar de minhas lagrimas para se sentir mais homem?
Leon se sentiu ofendido e extremamente espantado com aquela recusa em seus olhos, com aquelas palavras grosseiras que pareciam incapazes de sair da boca de Lucilly, ela com certeza batera a cabeça com força.
- Lucilly? você sabe o quanto é importante pra mim. Prefiro dar todo meu dinheiro a Eleonora do que lhe deixar sozinha nesta casa, nessa cidade, a levaria comigo se pudesse, estou partindo por obrigação e para sua proteção, não posso fugir, não posso mentir, tenho de ir!
Lucilly estava seca, nenhuma lagrima, e aquilo lhe partia o coração, Leon sentiu sua mão soltar a de Lucilly, ele teria de partir sabendo que não encontraria mais o amor da irmã quando voltasse, tudo estava arruinado. Ele se levantou e caminhou lentamente e arrastando as botas até a porta, quando sentiu delicados braços tocarem sua cintura, nem ouvira os passos, Lucilly parecia uma fada. Ele se virou e a encontrou um pouco mais corada, descalça, olhando profundamente em seus olhos.
- Eu amo você. - Lucilly colocou peso em cada palavra.
- Eu...sinto o mesmo. - Leon estava chocado.

Leon se aproximou do pequeno corpo de Lucilly, inclinou a cabeça sobre a dela e a sentiu arfar, sua respiração quente uniu-se a dela, os labios rosados proximos um do outro, aquele momento que ele mesmo vira em seu pesadelo estava prestes a acontecer, sua mente estava vazia, nebulosa e seus olhos se fecharam lentamente assim como os dela. A mão que cobria sua cintura lhe apertou forte, e ele colocou as proprias mãos na cintura dela, sentiu seu corpo fragil na palma da mão, o tecido fino roçar contra sua pele, a forma de menina se confundia com a mulher, ele desejava sua inocencia e se culpava por isso. Lucilly encostou de leve os labios no dele.
- O que é isso? Vocês querem que a desgraça desabe sobre o teto dessa casa por completo? Vocês! pecando em minha casa? atraindo coisas ruins para nossas vidas, destruindo nossa reputação! vocês enlouqueceram e querem me levar para o inferno junto? Isso é Pecado!
Lucilly passou a mão na boca e correu para a cama, Leon olhava atordoado para Eleonora que agora corria para a cama de Lucilly e lhe estapeava.
- Sua garota inmunda!
Leon caminhou lentamente até onde as duas se encontravam. Eleonora agora arrancava tufos loiros do cabelo de Lucilly. Ele puxou delicadamente Eleonora pelo braço e caminhou com a ensandecida mulher para fora do quarto. Ela gritava loucamente mesmo quando ele a jogou para dentro do quarto dela e fechou as portas. Ela continuava a gritar palavras sujas contra os dois.
- Não saia daí. Deixe Lucilly em paz.
Ele se afastou dos gritos que vinham de tras da porta e caminhou pela ultima vez naquele dia para o quarto de Lucilly, dessa vez ela chorava, seus cabelos sempre alinhados estavam incrivelmente belos fora do lugar. Leon se sentia culpado por toda aquela cena. Mas seria um terno momento para ser lembrado enquanto estivesse fora. Ele sentiu algo forte e quente correr por suas veias ao tocar Lucilly novamente, um fantasma daquele beijo, a rapida sensação lhe voltava a mente, ele a queria de novo mas não havia mais tempo para isso, agora era o fim, e o mundo como ele conhecia nunca mais seria o mesmo, toda a inocencia se fora, e a guerra mataria a todos. Quem voltasse estaria marcado para sempre, a vida de antes não teria o mesmo sentido e significado, ele tentava fotografar tudo com os olhos para não se esquecer de nenhum detalhe, de nenhum segundo ao lado dela, de cada traço do seu rosto, do cheiro do seu perfume.
- Adeus - disse Leon Tocando o rosto de Lucilly que estava encolhida.
- minha vida acaba aqui. - foi a unica coisa que Lucilly conseguiu balbuciar depois de alguns instantes apos tentar controlar o choro.

Ele sabia que a vida dela não iria acabar ali, ela era a unica da casa com mais chances de sobreviver a essa vida, a esse ano, a essa guerra. Ela seria forte, ele sabia, ela iria conhecer o mundo, encontrar um bom rapaz e se casar e ele talvez voltaria para ve-la feliz.

1 comentários:

Tamy disse...

Noooooooooossa chulla que lindo.. lí tudinho e adorei a história, quero que vc poste o livro inteiro pois é mt bom, quero acompanha-lo. Achei a história bem original e bem intensa, PARABÉNS pela criatividade. Beijinhosss!

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