Subscribe
Youtube
Heart
sexta-feira, 24 de julho de 2009

Parte Três - Guerra sobre a Neve

Leon vestia seu uniforme, de tecido grosso e desconfortavel com botões dourados. A neve cobria o chão por completo, e os soldados de baixo escalão - os miseraveis sem capital - tremiam constantemente, vestidos em uniformes de tecidos finos e calçando botas usadas. O Status de Leon permetiu que ele tivesse um bom cavalo, um bom posto na hierarquia, um Furriel, pronto para liderar a Cavalaria e os soldados a seu lado, seus pés não sentiriam o gelo que queimava os pés de Dean Cartwright, um jovem desajeitado, deslumbrado pela oportunidade de lutar. Dean estava ali pelo mesmo motivo de Leon, mas ele ao contrario, não tinha nada a perder, desejava ver o sangue dos adversarios penetrando na neve por culpa de um golpe seu. O sangue dele borbulhava de agitação, toda aquela correria parecia divertida e correta atraves de seus olhos, tanto que não importava que seus pés estivessem frios e dormentes pela neve. Dean sonhava com as historias que escutara, de garotas a beira da estrada esperando pelos soldados, para os ajudarem a esquecer dos longos dias de batalhas, oferecendo uma cama quente para se deitarem com elas. Ele entendia agora como seria excitante estar naquele mundo, sua vida era tão reclusa e tediante, mais do que nunca ansiava o confronto, e ele mais do que todos, derramaria o sangue inimigo.

Leon montou seu cavalo e parou próximo ao soldado desajeitado, com olhos injetados, segurando perigosamente uma arma de cano longo, ele notara como aquele rapaz tão jovem e inquieto amava aquele ambiente frio e opressivo, ele parecia o unico disposto a lutar, Leon podia jurar que mesmo apenas com aquele soldado eles poderiam vencer a batalha.
- Realmente deseja estar aqui, não? - Perguntou Leon a Dean.
- Sim, Senhor! - Dean empertigou-se ao dizer.
- existe alguem o esperando em casa? - Leon gostaria de se inspirar naquele soldado, aparentemente forte e disposto a não morrer. Ele sentia as vibrações que Dean passava, tão positivo, tão ensandecido e disposto a lutar.
- Não, Senhor! - seu semblante permanecia o mesmo.
- Sinto muito Soldado. - Leon baixou a cabeça e fechou os olhos como para esquecer da imagem que lhe aparecia na mente, dentro de seus olhos, tremulando em seu peito, queimando lhe as narinas, ele agora sentia o perfume de Lucilly empestiar o ar frio, ele se perguntava se Dean era capaz de sentir também.
- Com sua permissão Furriel Lewinsky... O senhor anseia voltar para casa disposto a encontrar uma bela jovem a sua espera? - Dean não encarava Leon, fitava um ponto cego a sua frente.
- Soldado Cartwright temo lhe dizer que sim, anseio a encontrar bem. A bela jovem é minha irmã, sempre a protegi, mas agora não há ninguem que cuide dela. - disse pesaroso.
- Sinto muito, Senhor Furriel.

Leon encarou por um breve momento aquele rapaz, se esforçaria para absorver suas vibrações assassinas. Sentiu o gosto metalico de sangue em sua boca, seus labios estavam rachados graças ao frio. Leon fechou os olhos mais uma vez na tentativa de espantar Lucilly de perto dele, "Concentre-se" disse ele para si " não posso morrer agora". Leon tinha esperança, seu amor lhe daria forças para passar por aquela batalha, ele seria o reflexo de Dean Cartwright, o soldado desamparado, largado pela familia que agora corria em direção ao campo de batalha. Leon cavalgava a seu lado, armado com uma pesada espada virgem de guerra.

E assim ele viu, Dean disparar o primeiro tiro, recarregar, atirar novamente, largar sua arma e empunhar a espada, seu rosto foi coberto de sangue. Leon parara atrás dele, seus olhos se arregalaram ao ver o sangue jorrar na neve, seu estomago doia, sua garganta ardia, aquele não era seu lugar, mas ele lutaria assim como Dean, ele encontraria a selvageria dentro de si. Um segundo apenas, ele viu os olhos dela brilhando na reluzente espada ainda virgem, um homem se aproximava sujo e grotesco, respirando o perfume dela ele cravou a espada no coração do homem, do inimigo. Seu coração palpitava selvagem sobre a pele branca e gelada. Ele encontrara o monstro dentro de si, algo dentro dele rompeu, a beleza do mundo desvaneceu-se com o ultimo suspiro do inimigo. Leon apenas via sombras e sangue sendo sugado pela neve, transformando a em um belo e sinistro campo de rosas. O perfume de Lucilly se fora, ele se sentia só e incrivelmente forte.

Mortes se seguiram e ele destruira cada ser vivo que se aproximara de seu cavalo, seu rosto estava coberto de sangue, suas mãos lançavam-se brutalmente contra os corpos a sua frente, sua espada já não reluzia e ele desejava mais, cada morte o fortalecia, a sensação o surpreendeu, não era como ele imaginava. Seus olhos ensandecidos brilhavam pela vitória, ele sobrevivera, ele dilacerara cada corpo que se aproximara dele, cada alma viva que tentou lhe tirar desse mundo sujo cheio de sombras. Ele ergueu a espada e trovejou palavras incompreensiveis e todos ao seu redor o seguiram, entoando aquela quase canção de vitoria sobre os corpos dilacerados, sobre as vidas perdidas, pelo ego de um estado contraditorio, mas Leon não pensava nisso, em sua mente um mar de sangue inundava cada pensamento bom, ele deixara de ser puro.

0 comentários:

Postar um comentário